A mobilidade tem seu futuro em carros elétricos, isso é um fato. Os mercados internacionais mais desenvolvidos seguem para a eletrificação total de suas frotas, como a Europa, que caminha para a aprovação de leis que visam a emissão zero em veículos a partir de 2035. Mas velocidade da substituição das frotas de veículos mundo à fora, depende de uma série de fatores. Investimento, legislação, incentivos fiscais, opinião pública e poder aquisitivo são alguns dos pontos a serem levados em consideração. Alguns países como China, Estados Unidos e muitos da Europa, já estão com os planos avançados nesta transformação. Mas e o Brasil? Qual será o nosso futuro, como e quando será?
Para responder a essas perguntas um estudo feito pela Anfavea, a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores e a americana BCG – Boston Consulting Group, demonstra que em 15 os veículos serão descarbonizados no Brasil. O estudo resultou em três fases de possíveis cenários para o Brasil.
No primeiro cenário nomeado “Inercial”, o estudo indica que estamos avançando de forma lenta, porém as previsões não são das piores. Considerando que o Brasil siga o ritmo atual, sem metas estabelecidas e sem uma política nacional e governamental que incentive a eletrificação, ainda sim cerca 12% a 22% dos carros serão eletrificados nos próximos anos. Até 2035 serão cerca de 32% da frota do país. A previsão então é a de que o mercado automotivo brasileiro irá produzir milhões de unidades de veículos eletrificados em 15 anos.
No segundo cenário, batizado de “Convergência Global”, se criariam as condições necessárias para a virada de chave, alinhada às mudanças em curso nos países mais desenvolvidos, como China, Estados Unidos e Europa. Seriam feitos investimentos em toda cadeia, evolução tecnológica e adesão dos consumidores aos elétricos. A projeção seria de cerca de 2,5 milhões veículos eletrificados até 2035, 65% dos novos carros vendidos do mercado. Isso permitiria que o país chegaria a 2035 com níveis de eletrificação próximos aos dos mercados internacionais mais avançados.
Considerando agora, o terceiro cenário da pesquisa, chamado de “Protagonismo de Biocombustível”, o nosso bio combustível Etanol, assumiria um papel estratégico para a descarbonização da frota, mantendo a eletrificação no nível imaginado no primeiro cenário. Sendo assim viabilizado por regulação favorável, frota flex e ampla infraestrutura de produção e distribuição.
Este último cenário chamou bastante atenção da montadora alemã Volkswagen. Visando uma forma de integrar à estratégia mundial rumo a um futuro mais sustentável, a VW anunciou nos últimos meses a criação de um centro de pesquisa e desenvolvimento de tecnologias baseadas no etanol e em outros biocombustíveis.
Esta pesquisa foi feita em Agosto de 2020, e ouviu diferentes entidades da indústria automobilística e do governo, além de empresas de energia e combustíveis. O resultado apontou cinco áreas de vital importância para o problema das emissões, que, de forma simplificada, poderiam ser identificadas como governo, investimentos, indústria, energia e mercado.
Independente do caminho que o Brasil seguir neste contexto, a Anfavea antecipa que haverá a necessidade de se estabelecer políticas públicas mais eficazes e com metas. Seja o foco nos biocombustíveis ou para a eletrificação em massa, para que desta forma o setor privado consiga estabelecer as suas estratégias. Com uma política industrial governamental adequada e bem planejada, o estudo indica que o Brasil poderá́ promover um novo ciclo de investimentos nos próximos 15 anos superior a R$ 150 bilhões.