Empresas de tecnologia vem liderando diversos setores industriais, mas ao se tratar da indústria automotiva a história pode ser diferente. Muito especulava-se de que empresas de tecnologia dominassem a indústria automotiva do futuro, porém as empresas de tecnologia ainda não te, capacidade de guiar essa indústria e tirar o volante das mãos das montadoras tradicionais, elas vão ter que simplesmente compartilhar o controle.
NOVOS DESAFIOS COM MAIS TECNOLOGIA
Nos últimos anos houve um grande estímulo das empresas de tecnologia ao futuro da mobilidade urbana, fazendo assim o setor de empresas automotivas reagirem e responderem a essa demanda. As futuras gerações de veículos incorporarão carro elétrico combinado com autônomo e conectividade.
Em sua coluna para a Forbes, o professor de administração e diretor do Programa de Inovação em Veículos e Mobilidade da escola de negócios Wharton, John Paul MacDuffie, afirmou que Empresas de tecnologia enfrentarão seus próprios desafios na indústria automobilística.
MacDuffie apontou para o desafio das empresas de tecnologia operarem com segurança, como ameaças de hacking cibernético de veículos e as preocupações sobre a privacidade dos dados pessoais, como o local para onde as pessoas se movem e o que fazem. “Algumas das preocupações com a privacidade que as grandes empresas de tecnologia estão enfrentando certamente se aplicam ao mundo dos veículos”.
INVESTIMENTOS PARA AS GRANDES MONTADORAS
Em abril deste ano, a Volkswagen caprichou no marketing para o dia da mentira (primeiro de abril), a montadora alemã divulgou que mudaria sua marca para “Voltswagen”, em alusão aos carros elétricos. As montadoras de carros, apesar de terem seu esqueleto colossal, estão investindo pesadamente em novas tecnologias e atraindo cada vez mais investidores, mais do que pequenas startups de carros tech.
As grandes empresas automobilísticas são exatamente o contrário das empresas de tecnologia, elas contam com milhares de trabalhadores e enormes fábricas espalhadas pelo mundo todo. Além disso, contam com redes de concessionárias físicas, empresas parceiras para suprimento de material. As empresas tech são geralmente o oposto. As montadoras ou grande parte delas estão investimento bilhões na produção de carros elétricos e veículos autônomos. Isso atrai a atenção de investidores devido ao enorme potencial de mercado para carros movidos a energia limpa e baterias. Tudo conclui que essas empresas irão caminhar de mãos dadas e não enfrentando o mercado de forma singular, ao menos no início.
Grandes montadoras, como a General Motors, que anunciou destinar US$ 35 bilhões para o desenvolvimento de carros elétricos nos próximos cinco anos. A VW, anunciou o investimento de US$ 42 bilhões, e a abertura de seis giga fábricas de baterias até 2030. A Tesla, pioneira em carros elétricos, é também tida como uma empresa de tecnologia, e aplica seus recursos baseados no potencial de negócios de seus carros, baterias e software.
SEGURANÇA, PROTEÇÃO DE DADOS E LEGISLAÇÕES
Outro conjunto a ser ponderado pelas empresas de tecnologia que aspiram ser montadoras, está relacionado à “incrível complexidade de projetar veículos para atender a todas as restrições e requisitos”, disse MacDuffie. Não se trata apenas de “o que os clientes desejam e precisam, e de fazer produtos que sejam práticos e estimulantes”, mas também de atender aos padrões de segurança, qualidade e emissões e assim por diante, acrescentou.
“O automóvel é muito diferente de muitos equipamentos eletrônicos. É um objeto pesado e rápido que opera em espaço público e é perigoso. ” MacDuffie.
UM FUTURO DE MÃOS DADAS, MAS NEM TANTO
Talvez as grandes empresas de tecnologia e a indústria automotiva comecem colaborando suprindo as necessidades de execução de projetos uma das outras, porém, em algum momento a parceria entre elas poderá se transformar em rivalidade e busca por domínio do mercado, é o que acredita MacDuffie. O professor ainda exemplificou a Netflix, que inicialmente era dependente do estoque de conteúdo licenciado por estúdios de cinema e TV, para então depois tronar-se um gerador de seu próprio conteúdo. A Amazon também serve de exemplo, que, por anos dependeu de empresas de logística e entrega, e atualmente está cada vez mais fazendo entrega de pacotes por conta própria.
“Concordo que a dinâmica entre as empresas de tecnologia e automotiva será tensa e fluida; as alianças mudarão; e cada um pode lançar novos produtos e serviços de forma independente, o que prejudica as colaborações anteriores. Essa é a natureza da competição na era das plataformas digitais, onde o software é mais importante do que o hardware e o controle de dados é uma fonte importante de poder, diferenciação e geração de valor”, conclui MacDuffie.
Mas o controle digital fácil do reino físico está longe de ser garantido. Na verdade, o conhecimento profundo e o domínio do domínio físico são vitais para que os controles digitais sejam eficazes e seguros. E em nenhum lugar isso é mais verdadeiro do que a mobilidade.